segunda-feira, 6 de julho de 2009

Crepusculo dos Deuses - Sunset Blvd


Com certeza Crepúsculo dos Deuses ou A Can of Beans / Sunset Boulevard foi o mais complexos filme a ser comentado por mim devido à grandiosidade e importância da obra do diretor e também roteirista Billy Wilder.
Nesse clássico cinematográfica Wilder despe sem o mínimo pudor a realidade cruel da indústria cinematográfica especificamente Hollywood. Em uma das mais devastadoras sátiras sobre o lado sombrio do ser humano e da indústria de cinema americano.
A história tem seu início com um assassinato na Sunset Boulevard onde um homem Joe Gillis (William Holden) é encontrado morto boiando em uma piscina e por meio de flashback, ele vai narrando tudo que viveu nos seus últimos seis meses de vida, quando por uma ironia do destino acabou por conhecer uma decadente atriz do cinema mudo, Norma Desmond (Gloria Swanson).
Gillis, fugindo de cobradores acaba indo parar em uma propriedade suntuosa mas em processo de decadência.

Achando estar sozinho no local ele adentra para o interior do império em ruínas, mas logo é surpreendido pela figura bizarra de um mordomo digno de filmes de horror Max von Mayerling (Erich von Stroheim) que vem recebê-lo, crendo ser o jovem roteirista responsável pelo velório do animal do estimação da proprietária do local, um “chimpanzé talvez neto de King Kong – pensa Gill”.
Logo que tudo é esclarecido e Norma descobre que o jovem sedutor é um roteirista falido e de imediato propõe que ele leia um roteiro escrito por ela e o melhore para que Cecil B. DeMille (vivido por ele mesmo no filme) a dirija no papel principal. Gills vê na possibilidade de ali ficar escondido por uns dias uma ótima opção, porém, o que era para ser um esconderijo acaba se tornando um cativeiro.

No decorrer dos dias, o jovem percebe que a atriz decante está perdidamente apaixonada por ele e que ele sem notar acabara por se transformar num gigolô, vivendo dos favores financeiros da atriz.
Psicologicamente Norma é uma mulher totalmente perturbada, ainda acha que faria sucesso com seu retorno, mas como o próprio DeMille diz a ela, os tempos são outros e a indústria do cinema havia mudado muito.
A obcecação da atriz decadente pelo jovem roteirista se torna cada vez maior e ela acaba por descobrir que ele estava a escrever um roteiro (História de Amor Sem Título) juntamente com uma jovem assistente de produção, Betty Schaefer (Nancy Olson).
O ciúme passa dominar a atriz e a possibilidade de ser abandonada pelo homem que ama perturba ainda mais o seu inconsciente, levando-a em um momento de extrema insanidade a cometer o assassino do jovem roteirista.
A história atingi seu clímax de inesquecível horror-glamour, à medida que Norma se

aproxima de forma sedutora de um cinemagrafista de cinejornal durantes sua prisão por assassinato e declara que está pronta para o close. Ao mesmo tempo Wilder recua a câmera para enquadrá-la em plano aberto enfatizando sua solidão e insanidade.
Se observarmos bem, a propriedade babilônica criada Billy Wilder para ser a residência de Norma notaremos que a mesma tem muito da Xanadu, de Kane. Escadaria colossal, salões enormes com mobílias gigantescas e um ar mórbido perturbador.
A atuação de Gloria Swanson é um show a parte, e não por coincidência a atriz fez muito sucesso no cinema mudo e naquela época estava praticamente esquecida.
Vale destacar que o número de referências à história do Cinema é outra característica importante do filme.
Como curiosidade ressalto que a idéia inicial do diretor era a de mostrar vários mortos no necrotério, trocando idéias de como cada um morrera. Numa sessão pré estréia, o público começou a achar graça e riu loucamente, e Wilder teve que voltar atrás, modificando para um tom mais sério. Diálogos curtos e humor refinado, envoltos numa atmosfera noir.
O filme ganhou 2 Oscars, o de melhor roteiro, direção de arte e trilha sonora.
O título original, Sunset Boulevard é uma clara referência à famosa localidade de Los Angeles, onde a fictícia residência de Norma se localiza.
Billy Wilder buscou Montgomery Clift para o papel de Joe Gillis, e após um período de negociação, Monty desistiu do papel. Melhor para Willian Holden, que assumiria soberbamente.

Gloria foi a última das opções, depois Mae West, Mary Pickford e Pola Negri. Billy buscava uma atriz experiente, que tivesse vivido a época retratada por Norma. Em algumas cenas somos presenteados por cenas de filmes protagonizados pela própria Glória.

Termino o post com alguns diálogos marcantes dessa pérola do cinema clássico:
“O público não sabe que alguém senta e escreve um filme. Pensam que são os atores que inventam enquanto vão representando”
“Ninguém deixa uma estrela. Isso que faz de alguém uma estrela. As estrelas são eternas.”
“Eu sou grande. Os filmes é que ficaram pequenos.
"Estou pronta para o meu close, Mr. DeMille."




3 comentários:

Rodrigo Andreiuk disse...

poxa, as frases são legais.
Você também tem esse filme?

Caio disse...

Durante muitos anos foi um de meus dez filmes favoritos. Ainda assim, um dos dez melhores da década de 50, e a obra-prima máxima de Wilder. Os filmes de Wilder sempre funcionam por além de diretor, foi um dos maiores roteiristas de Hollywood, sabia adaptar uma história como nenhum outro. Depois veja Pacto de Sangue, quase do mesmo nível (muito gente até o prefere).

Dewonny disse...

Esse filme é maravilhoso, muito bom msm, adoro o cinema de Billy Wilder, esse é um dos grandes filmes dele!